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A composição tem a imagem de Machado de Assis colorizada à esquerda, e a mesma imagem espelhada à direita. No centro, entre as duas, um chapéu de bruxo e na frente dele a frase "3 poemas traduzidos" em texto branco e letra um pouco tétrica. No rodapé, a frase "e um truquezinho maroto", escrita com a mesma letra, mas na cor vermelha, sobre fundo desfocado branco.
Tradução

Vídeo: Três poemas de Ocidentais, do Bruxo de Cosme Velho, Machado de Assis, traduzidos para o espanhol

- 31 de outubro de 2023 - Pablo

Aproveitando a efeméride do Dia de Bruxas, trago aqui para a seção de tradução um vídeo que produzi com três poemas de Machado de Assis, retirados de seu livro Ocidentais, que traduzi para o espanhol. E por que no Dia de Bruxas? Porque Machado de Assis é conhecido também pelo apelido de “o Bruxo de Cosme Velho” desde o dia em que os vizinhos o viram queimando papéis no quintal.

O motivo é muito sério: a tradução e a obra de Machado de Assis são dois assuntos, para mim, de grande relevância. O método, no entanto, é lúdico: uma brincadeira me permite dar um lembrete final. Vamos por partes.

Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), patrono das letras brasileiras, não necessita apresentação em português. No entanto, é possível que alguns leitores não saibam que além do expressivo número de contos, romances, novelas e poemas que publicou ao longo da vida, também praticou a crônica, o teatro e a tradução.

Aqui, eu proponho a tradução de três poemas para o espanhol: “Uma criatura“, “No alto” e “Soneto de Natal“. Não fiz uma busca exaustiva, mas tal parece que os dois últimos estavam inéditos em espanhol. De “Uma criatura” identifiquei uma tradução elaborada por Juan Gustavo Cobo Borda. Se você souber de outras traduções destes ou de outros poemas do Bruxo, fique à vontade para comentar!

Trata-se de três poemas escritos em versos alexandrinos: “Uma criatura”, composto de 8 estrofes em terça rima. “No alto” e “Soneto de Natal” são sonetos, porém o primeiro é de versos decassílabos e o último de alexandrinos, com pé quebrado nos dois últimos versos de cada estrofe.

Neste vídeo, uma abordagem lúdica me permite ilustrar a presença inescapável do tradutor – que não pode (e realmente nem deve, mas neste ponto há divergências) renunciar à própria identidade na tradução –, como um incentivo para as pessoas conhecerem os tradutores e tradutoras que produzem as versões que elas leem das obras que admiram.

Uma criatura

Una criatura

Sei de uma criatura antiga e formidável,
Que a si mesma devora os membros e as entranhas
Com a sofreguidão da fome insaciável.
Sé de una criatura antigua y formidable
Que devora sus propios miembros y sus entrañas
Con la voracidad del hambre insaciable.
Habita juntamente os vales e as montanhas;
E no mar, que se rasga, à maneira de abismo,
Espreguiça-se toda em convulsões estranhas.
Habita a una vez los valles y montañas;
Y en el mar, que se rompe a manera de abismo,
Se despereza entera en convulsiones extrañas.
Traz impresso na fronte o obscuro despotismo;
Cada olhar que despede, acerbo e mavioso,
Parece uma expansão de amor e de egoísmo.
Trae impreso en la frente obscuro despotismo;
Cada mirar que despide, acerbo y afectuoso,
Parece una expansión de amor y de egoísmo.
Friamente contempla o desespero e o gozo,
Gosta do colibri, como gosta do verme,
E cinge ao coração o belo e o monstruoso.
Fríamente contempla pavor y ardor gozoso,
Le gusta el colibrí, y el gusano del muermo,
Y ciñe al corazón lo bello y lo monstruoso.
Para ela o chacal é, como a rola, inerme;
E caminha na terra imperturbável, como
Pelo vasto areal um vasto paquiderme.
Como el sabiá, el chacal le es inocuo en el yermo;
Y camina en la tierra impasible tal cual
Por el vasto arenal un vasto paquidermo.
Na árvore que rebenta o seu primeiro gomo
Vem a folha, que lento e lento se desdobra,
Depois a flor, depois o suspirado pomo.
En el árbol que rompe su brote primordial
Viene la hoja que lenta se abre y amplifica,
Después la flor, y el pomo inaugural.
Pois essa criatura está em toda a obra:
Cresta o seio da flor e corrompe-lhe o fruto;
E é nesse destruir que as suas forças dobra.
Pues esa criatura en la obra se ubica
Mustia el seno en la flor y corrompe su fruto
Y es en tal destrucción que sus fuerzas duplica.
Ama de igual amor o poluto e o impoluto;
Começa e recomeça uma perpétua lida,
E sorrindo obedece ao divino estatuto.
Tu dirás que é a Morte; eu direi que é a Vida.
Ama de igual amor lo poluto y lo impoluto;
Comienza y recomienza: la lucha nunca olvida,
Y sonriendo obedece el divino estatuto.
Tú dirás que es la Muerte; yo diré que es la Vida.

 

No alto

En lo alto

O poeta chegara ao alto da montanha,
E quando ia a descer a vertente do oeste,
Viu uma cousa estranha,
Uma figura má.
El poeta escaló la cumbre de la montaña
Y a punto de bajar del lado del oeste
ve una cosa extraña:
vil silueta despunta.
Então, volvendo o olhar ao sutil, ao celeste,
Ao gracioso Ariel, que de baixo o acompanha,
Num tom medroso e agreste
Pergunta o que será.
Y volviendo los ojos a lo sutil celeste,
Al gracioso Ariel, que desde el pie lo acompaña,
Temeroso y agreste,
“¿Qué será?”, le pregunta.
Como se perde no ar um som festivo e doce,
Ou bem como se fosse
Um pensamento vão,
Tal cual se pierde al viento un son dulce y festivo,
O por igual motivo
Un pensamiento vano,
Ariel se desfez sem lhe dar mais resposta.
Para descer a encosta
O outro estendeu-lhe a mão.
Así Ariel se deshizo sin darle más respuesta.
Para bajar la cuesta
El otro extendió su mano.

 

Soneto de natal

Soneto de navidad

Um homem, — era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno, —
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,
Un hombre —en aquella noche fraterna,
Noche buena, cuna del Nazareno—,
Recordando días de infancia ajeno,
Y el vivo baile, y la canción eterna
Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.
Quiso dar al verso dulce y ameno
Las sensaciones de aquella edad tierna,
En la misma vieja noche fraterna,
Noche buena, cuna del Nazareno.
Escolheu o soneto… A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca.
A pena não acode ao gesto seu.
Eligió el soneto… la hoja blanca
Le pide inspiración; mas, floja y manca
La pluma siempre de su gesto huyó.
E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
“Mudaria o Natal ou mudei eu?”
Luchando en vano contra el metro adverso,
Solo le salió este pequeño verso:
¿Cambió la Navidad o cambié yo?

 

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